quinta-feira, 3 de abril de 2014

Burmann diz que é preciso reafirmar aos jovens a importância da democracia

Na avaliação do líder da bancada do PDT, deputado Gerson Burmann, a defesa da democracia e a trajetória dos trabalhistas perseguidos pelos militares são pontos essenciais para analisar os 50 anos do golpe militar de 1964. Com familiares presos e torturados durante a ditadura, Burmann acredita que ao reavivar a memória dos 21 anos de autoritarismo militar, “estamos resgatando aos jovens , que não passaram por esse período, a importância da democracia e da liberdade que temos hoje”.
Comprometido com a história do trabalhismo, Gerson Burmann disse da tribuna, na sessão plenária desta quarta-feira (2), que o movimento golpista se iniciou em 1954, na época em que Getúlio Vargas era o presidente, retornando a tentativa em 1961, quando na Campanha da Legalidade Leonel Brizola combateu o golpismo dos militares, garantindo a posse de João Goulart. Ao aprofundar medidas populares e nacionalistas iniciadas por Vargas, Jango virou o alvo dos conservadores que, naquela época, viviam sob o temor do comunismo. O anúncio das Reformas de Base no comício da Central do Brasil, dia 13 de março, no Rio de Janeiro, foi a confirmação do temor golpista de que o presidente trabalhista pretendia imprimir um modelo comunista e, então, os procedimentos adiados em 54 e 61 se concretizaram em 64, recapitulou.
“Na verdade, João Goulart queria fazer as reformas de base, o que significava mudar economicamente o nosso País, mudá-lo também na área da educação, provocar transformações como a reforma agrária, mudanças que vinham ao encontro do desejo da população”, afirmou da tribuna. Mas esse não era o propósito dos grandes grupos econômicos e dos Estados Unidos, continuou Burmann, que impuseram sua vontade pela força, “prenderam, torturaram, mataram pessoas, e muitas coisas não ficaram esclarecidas por esse regime militar que assolou o nosso País por 21 anos.” Para o parlamentar, os trabalhistas podem ter sido os mais atingidos pelo regime militar. “João Goulart foi para o exílio e nunca mais pode voltar ao país, “não existe sacrifício maior do que esse”, enquanto Leonel Brizola “teve sua carreira política interrompida, inclusive a possibilidade de ser o presidente do Brasil e transformá-lo através da educação”. Brizola foi o brasileiro que permaneceu maior tempo no exílio, 15 anos.
Família perseguida
“De minha parte, tive uma série de parentes envolvidos”, referindo-se ao ex-deputado Orlando Burmann, seu tio, que foi exilado no Uruguai e teve o mandato cassado. Em 1982, com o retorno da democracia, voltou a ser eleito. Revelou, ainda, que seu primo, Airton Castagna, foi torturado e preso pelo DOPS. Hoje, mora no Rio de Janeiro. ”Nós sofremos muito. Tive diversos familiares que foram presos, entrevistados nos quartéis, como Eugênio Castagna, meu tio; meu pai, Wanderley Burmann; Arno Burmann. Todos eles acabaram sofrendo as ações desse regime que combatemos até hoje”, assegurou.

Deputado Gerson Burmann
Ao encerrar, Burmann ponderou que as décadas recentes de democracia até podem ter alguns problemas, mas “é inegável que somente através da liberdade poderemos aprofundá-la e melhorá-la”. “Devemos evitar, a todo custo, que se tenha neste País, mais uma vez, um regime de exceção, um regime militar que venha a torturar e fazer com que várias famílias sofram com esse tipo de ação”, concluiu.

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