Na avaliação do líder da bancada do PDT, deputado Gerson Burmann, a defesa da democracia e a trajetória dos trabalhistas perseguidos pelos militares são pontos essenciais para analisar os 50 anos do golpe militar de 1964. Com familiares presos e torturados durante a ditadura, Burmann acredita que ao reavivar a memória dos 21 anos de autoritarismo militar, “estamos resgatando aos jovens , que não passaram por esse período, a importância da democracia e da liberdade que temos hoje”.
Comprometido com a história do trabalhismo, Gerson Burmann disse da tribuna, na sessão plenária desta quarta-feira (2), que o movimento golpista se iniciou em 1954, na época em que Getúlio Vargas era o presidente, retornando a tentativa em 1961, quando na Campanha da Legalidade Leonel Brizola combateu o golpismo dos militares, garantindo a posse de João Goulart. Ao aprofundar medidas populares e nacionalistas iniciadas por Vargas, Jango virou o alvo dos conservadores que, naquela época, viviam sob o temor do comunismo. O anúncio das Reformas de Base no comício da Central do Brasil, dia 13 de março, no Rio de Janeiro, foi a confirmação do temor golpista de que o presidente trabalhista pretendia imprimir um modelo comunista e, então, os procedimentos adiados em 54 e 61 se concretizaram em 64, recapitulou.
“Na verdade, João Goulart queria fazer as reformas de base, o que significava mudar economicamente o nosso País, mudá-lo também na área da educação, provocar transformações como a reforma agrária, mudanças que vinham ao encontro do desejo da população”, afirmou da tribuna. Mas esse não era o propósito dos grandes grupos econômicos e dos Estados Unidos, continuou Burmann, que impuseram sua vontade pela força, “prenderam, torturaram, mataram pessoas, e muitas coisas não ficaram esclarecidas por esse regime militar que assolou o nosso País por 21 anos.” Para o parlamentar, os trabalhistas podem ter sido os mais atingidos pelo regime militar. “João Goulart foi para o exílio e nunca mais pode voltar ao país, “não existe sacrifício maior do que esse”, enquanto Leonel Brizola “teve sua carreira política interrompida, inclusive a possibilidade de ser o presidente do Brasil e transformá-lo através da educação”. Brizola foi o brasileiro que permaneceu maior tempo no exílio, 15 anos.
Família perseguida
“De minha parte, tive uma série de parentes envolvidos”, referindo-se ao ex-deputado Orlando Burmann, seu tio, que foi exilado no Uruguai e teve o mandato cassado. Em 1982, com o retorno da democracia, voltou a ser eleito. Revelou, ainda, que seu primo, Airton Castagna, foi torturado e preso pelo DOPS. Hoje, mora no Rio de Janeiro. ”Nós sofremos muito. Tive diversos familiares que foram presos, entrevistados nos quartéis, como Eugênio Castagna, meu tio; meu pai, Wanderley Burmann; Arno Burmann. Todos eles acabaram sofrendo as ações desse regime que combatemos até hoje”, assegurou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário